segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ponha suas ações para trabalhar



Quando se fala em lucrar com ações, vem à mente a fórmula básica: comprar na baixa e vender na alta. Mas quem aplica na Bolsa precisa avaliar as alternativas para ganhar no longo prazo. Todo acionista, na condição de sócio (por menor que seja) da companhia, tem direito aos dividendos, uma participação nos ganhos da empresa. Eles funcionam como uma fonte de renda fixa. Na pior das hipóteses, reduzem o custo da ação para o comprador. Na melhor, contribuem realmente para o enriquecimento. Toda empresa com capital aberto na Bolsa é obrigada por lei a dividir entre os acionistas pelo menos 25% do lucro anual. Às vezes, o porcentual é maior, dependendo do estipulado no estatuto da empresa. Em caso de prejuízo, os acionistas não perdem.
Quem presta atenção a esse detalhe pode se dar muito bem. É o caso do contador paulistano Amadeu Zamboni, de 49 anos, que começou a aplicar em ações entre 1986 e 1989 e vive hoje da carteira que começou a organizar naquela época. “Se você compra um papel pensando só no lucro que terá com a venda, está fazendo errado. Eu sempre confiro quanto a empresa paga de dividendos”, diz. Ele conta que, quando começou a investir, ainda tinha de se dirigir à empresa para retirar os dividendos. Nesses 20 anos, ele conta ter quebrado duas vezes. “Fiquei sem dinheiro nenhum e ia de banco em banco, onde tinha ações, para retirar os dividendos. Com aquele dinheiro, pagava as contas durante algumas semanas”. Em 2009, os seus R$ 700 mil aplicados em ações renderam R$ 60 mil em dividendos, um “salário” médio de R$ 5 mil por mês.

As empresas determinam quanto vão distribuir do seu lucro anual entre os acionistas de acordo com as suas necessidades. Caso atue em um mercado maduro e não precise investir muito, pode distribuir uma parte maior do lucro. É o que ocorre com a fabricante de cigarros Souza Cruz, uma das melhores pagadoras de dividendos do Brasil. O cenário para empresas de construção é diferente. Para o acionista dessas empresas, atuantes num setor competitivo e aquecido, é melhor que elas convertam o lucro em investimentos.

Outra maneira de colocar as ações para trabalhar é alugá-las – uma alternativa bem recomendável para quem pretende manter os papéis no longo prazo. No aluguel de ações, um contrato é firmado entre dois investidores, que são chamados de “doador” e “tomador”. O tomador recebe as ações com a intenção de fazer transações especulativas no mercado e tentar ganhar o máximo num certo período. Pelo contrato, precisa devolver a mesma quantidade de ações ao doador no fim do período. “O doador não precisa de experiência no mercado de ações. Basta que procure uma corretora credenciada para formalizar a transação”, diz o consultor financeiro Pedro Braggio. Durante o aluguel, o dono das ações continua recebendo os dividendos correspondentes, mas perde o direito de negociá-las. O valor do aluguel de uma ação está diretamente ligado ao seu valor de mercado no momento. Em 2005, ocorreram cerca de 166 mil operações desse tipo. Este ano, apenas até setembro, foram 717 mil. “Nem os grandes investidores deixam os papeis parados na carteira, o que mostra que essa alternativa é confiável”, conta Cynthia Vello, da corretora Solidez.

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